quinta-feira, 28 de abril de 2016

Liga Guineense dos Direitos Humanos denuncia mortes inadmissíveis e evitáveis

           Organização pede diálogo para acabar com a greve dos profissionais da saúde e da educação.
A Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) pediu nesta quinta-feira, 28, ao Governo e aos sindicatos do sector da saúde a que cheguem a um entendimento de modo a terminar a greve em curso que tem provocado mortes inadmissíveis e evitáveis.
"Nos últimos dias foram registadas mais de uma dezena de mortes inadmissíveis e evitáveis nos hospitais nacionais, causas directas da greve no sector da saúde", diz um comunicado da LGDH enviada às redacções.
Com base em denúncias que chegaram à organização, a LGDH classifica a situação de “grave” e diz que ela se deve essencialmente “à instabilidade política prevalecente no país, que tem provocado disfuncionamento das instituições públicas, com maior impacto para os sectores já estruturalmente deficitários".
A Liga também denúncia a greve dos professores, por falta de acordo com o Executivo, que coloca em risco o ano lectivo em curso.
Aquela organização pede ao Executivo e aos sindicatos que elejam o “diálogo, a moderação, a contenção e a cedência, como instrumentos indispensáveis para salvar o ano lectivo em causa e poupar a vida dos cidadãos".

Chacina em Cabo Verde revela fragilidades das Forças Armadas

Manuel Silva Ribeiro, também conhecido por Antany Silva, acusado de matar 11 pessoas em Cabo Verde
O massacre que deixou 11 pessoas mortas nesta terça-feira, 26, no destacamento militar de Monte Tchota, a 45 quilómetros da capital de Cabo Verde, continua a levantar muitas questões.
Apesar de o Governo descartar qualquer ligação do ataque protagonizado por um soldado ao narcotráfico, mas sim a motivações pessoais, pergunta-se como foi possível a um único soldado, com cerca de um ano no exército, ter assassinado, num local de alta segurança, oito colegas e três civis.
Além disso, as forças de segurança apenas se deram conta do massacre quase 24 horas depois, quando um funcionário do hotel onde estavam hospedados os dois espanhóis foi ao local à procura dele.
Manuel António da Silva Ribeiro, suspeito do massacre, roubou uma grande munição de armas e foi preso no início da tarde desta quarta-feira, 27, depois de ter feito refém um taxista.
Um irmão do soldado disse que ele é uma pessoa tranquila e que não aparentava nenhum sinal de perturbação psicológica (mental), daí estranhar a atitude do militar supostamente autor do crime que agitou o país.
Este dramático caso e outros como roubo de armas e munições que aconteceram nos quarteis nos últimos tempos demonstram fragilidades no funcionamento das Forças Armadas do país.
Mudanças de fundo
A leitura é feita pelo capitão na reforma e actual jornalista do A Nação, Daniel Almeida, que advoga medidas de fundo na estrutura militar do arquipélago.
Almeida defende a realização de “testes psicológicos aos soldados principalmente em voluntários”, como é o caso de Manuel Ribeiro, cujo pai, de acordo com a mesma fonte, “teria suicidado”.
O capitão na reforma lembrou também que “desde 1991 as Forças Armadas começaram a perder o rigor do tempo do partido único, depois que dirigentes do MpD questionaram na altura o próprio exército”.
Daniel Almeida revelou que ao tomar conhecimento do caso apercebeu-se logo que não se tratava de um acto com ligações ao terrorismo e narcotráfico.
Os passos dados pelo soldado para realizar o massacre, na óptica de Almeida, demostram que o soldado terá agido por força de alguma perturbação mental ou razões pessoais.
Para o capitão não se entende como é que as Forças Armadas só se deram conta da chacina quase 24 horas depois, "algo está mal".
O Governo decretou dois dias de luto nacional.
Hoje, no final de uma visita ao avião militar americano Boeing C-17, o primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva pediu às pessoas para estarem tranquilas.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

PRS ABANDONA REUNIÃO DA COMISSÃO PERMANENTE DA ANP

O Partido da Renovação Social (PRS) abandonou esta terça-feira, 26 de abril de 2016, a reunião da Comissão Permanente da Assembleia Nacional Popular, alegando a violação do formato da agenda inicial de dois pontos definido pela Comissão Permanente para seis pontos.
Sola Nquilim Na Bitchita, da bancada parlamentar do PRS, explica a’O Democrata, à saída da reunião, que o seu partido decidiu retirar-se do encontro, em consequência da adulteração da agenda, sublinhando por outro que “só ontem”, (25 de Abril de 2016), o documento foi entregue à sua formação política para dia seguinte ser debatido na reunião.
“A reunião tinha sido convocada para analisar apenas dois pontos; o discurso do Presidente da República do passado dia 19 de abril e a preparação de um eventual pedido de debate de urgência sobre o estado da nação, mas na reunião fomos confrontados com uma nova agenda de seis pontos”, acrescenta.
Inácio Correia, primeiro Vice-presidente do parlamento, diz não compreender atitude do PRS de abandonar a sala da reunião, uma vez que o encontro desta terça-feira foi convocado, em função da nova matéria disponível na ANP, com base no consenso chegado nas negociações do passado dia três, para o agendamento do debate sobre estado da nação requerido pelo Presidente da República.
Sobre o posicionamento do PRS, a Comissão Permanente da ANP reagiu, em comunicado pedindo adoção, da parte dos partidos políticos com assento parlamentar, de condutas conducentes ao respeito pela dignidade dos titulares dos seus órgãos internos e às normas que regulam organização e o funcionamento da ANP.
A Comissão Permanente diz na mesma nota, expressar a sua solidariedade institucional ao Presidente da Assembleia Nacional Popular e ao mesmo reafirma a sua confiança a Cipriano Cassamá na condução do parlamento com “isenção e o respeito à Constituição da República da Guiné-Bissau”.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

MÚSICO CONGOLÊS PAPA WEMBA MORRE DURANTE UM CONCERTO EM ABIDJAN

Papa Wemba estava a atuar em Abidjan, na Costa do Marfim. Vídeos mostram-no a cair para trás sem que as bailarinas se apercebessem
Era um dos músicos africanos mais influentes: Papa Wemba, de nacionalidade congolesa, morreu aos 66 anos depois de colapsar em palco, avança a imprensa internacional.
Vídeos do concerto mostram Papa Wemba a cair para trás e ficar imóvel no chão, enquanto as bailarinas continuavam a dançar na parte da frente do palco em Abidjan, na Costa do Marfim. Só alguns segundos depois se apercebem de que o cantor, conhecido na cena da música africana desde 1969, colapsara.
papa wemba
A morte foi confirmada à emissora francesa France 24 pelo agente de Papa Wemba, cujo verdadeiro nome era Jules Shungu Webadio. Papa Wemba foi o inspirador de um movimento de culto, cujos membros seguidores, os Sapeurs, eram sobretudo jovens do sexo masculino que gastavam somas avultadas em roupas de estilistas, recorda a BBC.
Papa Wemba tinha sido condenado em França, em 2004, por auxílio à emigração ilegal, tendo passado três meses na prisão. Foi um dos nomes mais conhecidos do soukos, género musical também chamado de rumba africana, que surgiu no Congo nas décadas de 1930 e 1940 e veio a ganhar popularidade por todo o continente africano.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

PRIMEIRO-MINISTRO DA GUINÉ-BISSAU DIZ-SE “TRANQUILO PARA CONTINUAR A TRABALHAR”

O primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Carlos Correia, disse hoje que o seu Governo “está tranquilo e continua a trabalhar”, mesmo perante insistentes rumores sobre a iminência do derrube do executivo no Parlamento.
Carlos Correia falava à Lusa e RDP/África à margem das cerimónias de abertura oficial da campanha de comercialização da castanha do caju, principal produto de exportação do país, na vila de Djalicunda, no norte.
Depois de anunciar que o preço base de compra da castanha ao agricultor será de 350 francos CFA, por quilo, o primeiro-ministro guineense comentou a situação política do país remetendo para o Parlamento “a luta política”.
Na terça-feira, o chefe de Estado guineense, José Mário Vaz, fará uma comunicação à nação a partir do parlamento e espera-se que haja um debate sobre o estado do país no mesmo dia.
Vários setores políticos e diplomáticos admitem a iminência da queda do Governo de Carlos Correia, situação que este desdramatiza, afirmando que vai continuar a trabalhar.

O GRANDE LUTADOR GUINEENSE


Para a mãe, o mais grave foi quando o atleta decidiu fixar a residência em Dakar em um centro de preparação para competições internacionais deixando para trás filhos e duas mulheres sob sua responsabilidade.
Revoltada com a situação financeira do filho, a mãe Fera Imbandé afirmou que na última deslocação do filho à Argélia interviu para que não aceitasse competir. A mãe queria que o atleta colocasse um ponto final na carreira e virar-se para lavoura ou homem de campo para o sustento da família.
“Falei para Augusto Midana, pedi-lhe que abdicasse de lutar e se dedicasse aos trabalhos do campo, talvez teria mais lucro do que sacrificar-se por uma coisa que não lhe dá nada além da visibilidade”, disse a mãe do rei de arena de Luta Livre guineense, que manifestou a sua revolta pela situação da dificuldade financeira e económica que estão a enfrentar.
Humilhante ou não, mas a mãe mostra-se inconformada com a condição de vida do filho e desafia qualquer cidadão guineense a visitar a casa da pessoa que nos últimos tempos tornou-se notícia nos órgãos de comunicação social nacional e internacional, enquanto a mãe está a ser consumida pela pobreza.
Neste sentido, Fera Imbandé faz um paralelismo entre informações consumidas na tabanca sobre o sucesso do filho e o acolhimento dos resultados do atleta no seio da família, facto que na sua explicação pode colocar em risco o futuro de Augusto Midana, enquanto atleta, caso persista a situação. Isto numa clara alusão a eventual descontentamento familiar, que segundo a mãe, corre o risco de ser retirado o poder de luta, que de acordo com a tradição é dado a um lutador para representar a comunidade em diferentes eventos tradicionais.
DERRAMO ÁGUA NA PORTA E PEÇO A DEUS QUE AJUDE MIDANA VENCER  TODAS AS COMPETIÇÕES EM QUE PARTICIPA
Augusto Midana - Figura da Semana
Quanto a sua capacidade de lutar, a mãe não foi tão explícita na sua explicação quando foi interpelada para contar se alguma vez viu o filho a utilizar algo ligado a mistério que lhe dá a força. A mãe foi de seguida esclarecedora que é uma mulher e há certas coisas dos homens que as mulheres não são convidadas para debater nem tão pouco conhecer.
“Essa é nossa realidade. O que eu faço cada vez que o meu filho vai lutar derramo água na porta e peço a Deus que o ajude. Isso sim faço, vou continuar a fazê-lo para o sucesso dele e do país nas competições internacionais”, assegura.
Particularizando um pouco o assunto em abordagem, “O Democrata” foi descobrir que Augusto Midana (Bighatte) era tímido e reservado. Sempre liderou a sua camada na luta tradicional balanta.
Um assunto que a mãe não soube especificar se foi transmitido algo hereditário ou não, porque pelas informações da mãe, o pai de Midana, falecido há uns quatro anos atrás, também era lutador nato. Infefilzmente o jornal não conseguiu confirmar essa versão, porque a fonte onde “O Democrata” deveria recolher essa informação não se econtrava na aldeia.
Fera Imbandé confessou ao jornal “O Democrata” que não acreditava se o filho teria resultados que hoje tem. Todavia, e não obstante o seu pessimismo em relação ao filho, explica a mãe, que Augusto Midana sempre estava animado.
“Não podem imaginar quando recebi a notícia de que o meu filho conseguiu levar de vencida um branco. Saltei de alegria por todos os cantos da tabanca”, refere.
Questionada se tivesse que defender até agora o regresso do filho à luta tradicional e ao trabalho de campo escolheria o quê, responde a mãe mostrando que tem a noção da dimensão do trabalho  do filho, aquilo que o filho faz, mas exige que o reflexo desse trabalho chegue à “família agitada” para moralizá-la.
A mãe explica na primeira pessoa e sem receio que não queria casar-se com o pai de Augusto Midana, porque era bastante velho. Contudo, acabou por se casar com ele, porque foi imposta a fazê-lo pelo seu próprio pai Wangna Imbandé, que de vez em quando a ameaçava que a cortaria orelha se desobecesse às ordens ou sua conversa. Foi a partir desse momento que começou a esforçar-se a aproximar do seu marido Midana, pai do lutador guineense e medalha de ouro dez vezes.
Recuando um pouco no passado, Fera Imbandé lembra que quando Augusto Midana era criança ela só tinha um pano e uma camisa, uma espécie de uniforme.
De acordo com Fera Imbandé, a família do atleta consegue se autosustentar graças a lavoura e pesca artesanal praticada logo de manhã com as redes curvas que as próprias mulheres balantas confeccionam.
Confrontada com as informações postas a circular na tabanca em como a mãe do atleta estará a encobrir ganhos do filho e agindo nas costas da família, Fera Imbandé nega que em nenhum momento recebeu do seu filho algo proveniente do seu trabalho, sobretudo nos últimos em que fixou a residência em Dakar (Senegal).
FAMÍLIA SATISFEITA COM A INICIATIVA DO GOVERNO EM CONSTRUIR A CASA PARA MIDANA
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Fera Imbandé reagiu, por outro lado, com a satisfação ao anuncio do Governo guineense, que em uma sessão do Conselho de Ministros, anunciou a  construção de uma casa para o atleta e fixar um teto salarial mensal de um milhão de Francos Cfas para campeão africano.
Pouca gente da família do atleta fala correcta e fluentemente o crioulo. Até uma das filhas de Augusto Midana que já vai a escola não fala fluentemente o crioulo.
O jornal “O Democrata” encontrou na tabanca do lutador uma máquina de descasque do arroz, mas inoperante há mais de um ano. A mãe não conseguiu explicar como a máquina foi adquirida, todavia, presume que seja através de amigos.
Explicou neste particular que quanto ao rendimento, a máquina não tem ganhos financeiros já que cada saco de arroz descascado paga-se um quilograma de arroz.
Apesar de apresentar uma certa idade da terceira fase, a mãe ainda se resiste ao trabalho de campo. O engraçado é que não fala fluentemente o crioulo, mas na sua memória estão presentes nomes como Inglaterra, Egipto e Argélia, alguns dos países por onde o filho pisou em competição.
Como sempre a vida é feita de curiosidades uma cadeira plástica de Augusto Midana de cor amarela, onde o lutador se senta para repousar foi fotografada. “O Democrata” fez igualmente imagens relacionadas a imobiliários do atleta como podem ver pelas imagens da reportagem.
A reportagem do jornal “O Democrata” aprovou a comida de caldo branco da família da velha Fera Imbandé com arroz de pilão e peixe “bentana”, que deixou salivas nos cantos da boca de cada um dos elementos da equipa do jornal. Foi uma experiência que talvez possa não repetir, mas serviu para saborear e partilhar a vida com a mãe do atleta, que num gesto simbólico se dirige a comida dizendo na língua balanta: “n’tira klode – Estão servidos fiquem à vontade”.
CARLITOS COSTA: “SUBVENÇÃO DOS ATLETAS DE ALTA COMPETIÇAO PODE ACONTECER NESTE ANO”
djurtus DG desporto
Entretanto, o Director Geral dos Desportos, Carlitos Costa garantiu em entrevista exclusiva a’O Democrata” que a subvenção do tricampeão africano de luta livre, assim como dos outros atletas de alta competição, será materializado até final do ano em curso, através de um pacote de leis que já foi aprovado no Conselho de Ministros.
Segundo Costa, resta agora a Assembleia Nacional Popular discutir e aprovar a proposta lei do governo e a sua posterior promulgação por parte do Chefe de Estado.
Carlitos Costa disse que a intenção de subvencionar os atletas de alta competição, nomeadamente, Augusto Midana, Taciana Baldé, Holder da Silva e outros, visa garantir uma vida condigna aos atletas guineenses considerados de alta competição.
A aprovação da lei da subvenção, que conforme avançou está em curso, garantirá a continuidade da subvenção e dar aos atletas direito de receber a referida subvenção.
O governo anunciou a construção de uma residência para Augusto Midana, que segundo o governante foi uma decisão do Conselho de Ministros.
Nesse particular, Costa garantiu que o governo vai mesmo honrar com o seu compromisso, construindo a residência para o atleta na sua aldeia natal.
“Achamos que seria injusto construir uma residência para ele em Bissau, achamos que lhe se sentiria honrado se a construíssemos na sua aldeia natal”, assegurou o responsável, para de seguida avançar que a subvenção de todos os atletas de alta competição será estipulada através de uma proposta de Secretaria de Estado da Juventude, Cultura e Desporto que foi aprovada pela plenária governamental.
Convidado a comentar as declarações da mãe do atleta que disse ter pedido a Midana a abandonar a luta para se dedicar a lavoura porque seria mais rentável em vez da luta, o governante reagiu com naturalidade a essas declarações.
Segundo Costa, é legítima qualquer família ter as referidas reacções, uma vez que se trata de um atleta com grande proeza como Midana e é natural que um familiar se sinta revoltado com a sua situação económica.
“Qualquer mãe se sentiria revoltada, uma vez que gostaria de ter ou gozar de uma recompensa pelo trabalho que o filho está a fazer em nome do país”, notou.
Costa disse que o país já está a começar a criar condições para poder recompensar todos os atletas que estão a levar o nome do país ao mais alto nível.
Na sua visão, a organização começa pela legislação que futuramente dará aos atletas direitos de beneficiar das subvenções que vai dignificá-los como atletas de alta competição.
De acordo ainda com Carlitos, a legislação permitirá saber cada vez que um atleta conquiste uma medalha, vai se saber quanto é que o atleta deverá receber por cada medalha conquistada em nome do país.
Carlitos Costa defendeu que se houvesse uma legislação desportiva há muito tempo, hoje não “estaríamos a falar de subvenções”.

REPORTAGEM_Mãe de tricampeão africano de luta livre: “PEDI A MIDANA A ABDICAR DE LUTA PARA SE DEDICAR AO TRABALHO DE CAMPO”

“Pedi a Augusto Midana que abdicasse de lutar e se dedicasse aos trabalhos do campo, talvez teria mais lucro do que sacrificar-se por algo que não lhe daria nada, além da fama”, palavras duma mãe revoltada, que fomos buscar no meio de uma mata a trabalhar para vir contar a história do tricampeão africano da luta livre, Augusto Midana.
Fera Imbandé, mãe do tricampeão africano de Luta Livre, manifestou assim a sua revolta pela situação de dificuldades financeiras e económicas que a sua família  enfrenta, não obstante os sucessos do filho na arena internacional da Luta Livre, que na opinião da mãe, não serve para nada e razão pela qual preferia que o filho se dedicasse aos trabalhos de lavoura de campo e através do qual podia sustentar a sua família.
Uma equipa de reportagem do semanário “O Democrata” deslocou-se na última sexta-feira, 08 de Abril, à aldeia natal do rei de arena da Luta Livre guineense, Augusto Midana, a fim de abordar com a família sobre os primeiros passos dados na luta livre por Midana, que segundo a própria família, começou com a prática da luta tradicional.
Na viagem à localidade de Sokutu, arredores de N´hôma, secção do Sector Nhacra (Região de Oio, norte do país), que dista a trinta (30) quilómetros de Bissau, a equipa de reprotagem do Jornal “O Democrata” disfrutou de um ambiente saudável e de simpatia de algumas pessoas que se ofereceram voluntariamente acompanhar os repórteres do jornal à vila do atleta Augusto Midana (Bighatte, nome com qual é também conhecido), medalha de ouro africano três vezes consecutivas para a Guiné-Bissau.
A tabanca de Augusto Midana tem o nome de “Ayoma” e é constituída de três casas uma de zinco e duas de palha e está vedada de paus. Na parte exterior tem uma outra casa de palha. Midana é casado segundo uso e costumes dos balantas, tem duas mulheres e seis filhos, três rapazes e três raparigas.
Logo a chegada, a nossa equipa de reportagem encontrou a tabanca animada (haviam na tabanca muitas crianças taguerelando umas com outras na gritaria e mais umas três mães sentadas numa varanda a sombra da palhota).
A mãe tinha deixado a casa a procura de sustento, depois de solicitada, teve a amabilidade de regressar e sentar-se a mesma varanda terra batida e esburacada com a equipa de reportagem do semanário independente guineense. Quando chegou, ela estava cheia de suor e rodeada de crianças.
Decorridos alguns minutos e de uma pequena brisa natural que saía da bolanha que  fez  secar o suor e comprimentar os repórteres na língua local (balanta). É uma mãe sorridente para quem já a viu e conhece, mas que aparentemente se sente magoada e consumida pela pobreza.
Num primeiro contacto com o jornal, Fera Imbandé parecia ter receio de dizer algo sobre o filho, mas na equipa havia um dos repórteres que domina o balanta conseguiu não só animá-la como também aproximá-la da equipa. Comovente com a iniciativa, chama a família para transmitir, em detalhes, a intenção dos repórteres. É verdade que a família já acompanhava a proeza do lutador pelos órgãos de comunicação social, sobretudo nas rádios.
Mas a grande verdade tem a ver com o sentimento dos familiares em relação a reflexos dos resultados de Augusto Midana na sua própria família, que vive numa casa de zinco em condições inadequadas atendendo a dimensão do atleta. Pelo menos esse é o sentimento que caracteriza aquela família, e que não esconde o orgulho de pertencer a mesma clã.
Todavia, terá sido essa vontade e orgulho que acabou por reunir a família incluindo a mãe em torno do mesmo sentimento, para falar com os repórteres de “O Democrata” depois de receber alguns detalhes, em balanta, da deslocação da equipa.
Depois de uma explicação alucinante das razões que moveu o jornal a se deslocar a sua procura, mãe Ferá Imbandé ri-se dela mesma dizendo, “Nha fidjus, alin li sussu sim nada”. Foi justamente com este lamento que a mãe do lutador guineense, dez vezes medalhado, começa por abrir o campo para uma conversa amena com os repórteres do semanário independente “O Democrata”.
MÃE: “MIDANA TRAZ RESULTADOS BONS AO PAÍS E REGRESSA À CASA DE MÃOS LIMPAS OU SEM NADA”
Segundo as explicações, a paixão de Augusto Midana pela Luta Livre não moderna terá começado muito cedo nas manifestações tradicionais (kussundé, fanado e toca-choro…) da etnia balanta. Competia sempre nesses ambientes e foi crescendo como grande lutador tradicional de N´hôma chegando a atravessar até a norte do país, na língua balanta chamada zona de kuntoê.
“A minha surpresa foi quando fui informada pela primeira vez, que o meu filho ‘na bai lutu di brancus’ (luta livre moderna no exterior). Acolhi a informação com muito agrado. Mas vai, participa, traz resultados bons e quando volta para a Guiné-Bissau regressa à casa de mãos limpas ou sem nada”, explica lamentando o facto de a família não ter tido gozado o reflexo da fama do filho.